Morreu hoje, 18 de Junho de 2010, José Saramago. Mais especificamente, José de Sousa Saramago; nascido em Azinhaga, 16 de Novembro de 1922. Foi escritor, argumentista, poeta, jornalista, dramaturgo e inspiração. Sim, inspiração. Recebeu o prêmio Nobel da literatura. Ele foi simplesmente o homem responsável pelo reconhecimento internacional da língua portuguesa. Uma verdadeira inspiração.
A maneira inovadora de escrita, misturando as falas dos personagens com o próprio parágrafo, o que nos dá aquela sensação de surrealismo; as reflexões, o tudo, tão originais, tão renovadores, tão José Saramago.
Inicou-se quieto, com a "Terra do Pecado" (1947) - o esboço do desejo de uma nova sociedade com a mulher libertada - e chegou nos cinemas internacionais (2008), Fernando Meirelle na direção, com sua obra avassaladora "Ensaio sobre a Cegueira" (1995) de base - o livro que nos faz enxergar a humanidade frente ao caos. Uma verdadeira, e inacreditável, inspiração.
As obras de Saramago nos transportam a um mundo paralelo em que podemos nos enxergar de perspectiva; nos criticar; nos avaliar. Suas inúmeras e - na minha opinião - maravilhosas obras possuem aquela verve ácida e sútil. Uma total inspiração para aqueles que bebem o tudo que a sociedade nos oferece e cospem as reflexões do rumo que a mesma está levando aos poucos.
Muitos o criticam com teses religiosas sobre sua postura diante a Igreja católica e às demais religiões, no qual afirma ser tudo um puro cinismo. O maior erro da sociedade é injetar Deus em todas as discussões alegando ofensa. Mas não entraremos nesse assunto, religião é algo frágil de se discutir. A inspiração comentada é Saramago agora.
Por essa forte perseguição tanto da Igreja como dos próprios católicos, e com a publicação de "O Evangelho Segundo Jesus Cristo" - que foi censurada pelo governo português - exilou-se em Lanzarote, aonde viveu até hoje.
Saramago, seguindo suas próprias ideias e sugestões aplicadas nas magníficas obras, teve forte influência também na política. Em 1969 aderiu ao partido comunista e participou em 1974 na Revolução dos Cravos, que acabava com a ditadura de Salazar. E ainda sim há pessoas que não o consideram exemplo de vida, de defesa de ideias e de, mais uma vez, inspiração - hei de repetir essa palavra diversas vezes ainda.
Em 2008, saiu em defesa do escritor e poeta nicaraguense, Ernesto Cardenal, marginalizado e perseguido pelo regime sadnista. Se remetendo contra o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, a quem acusou de ter má consciência e de não fazer juz ao seu passado revolucionário.
E por fim, dessa pequena retrospectiva de uma vida maravilhosa, no começo do ano relançou seu livro "A Jangada de Pedra" em uma nova edição que convertia todo o valor recebido pelo livro em ajuda para o fundo de ermegência Cruz Vermelha para ajuda ao Haiti.
Mas todas essas revoluções e esses anos de vida não são o que verdadeiramente importa; o importante é a mensagem deixada nas entrelinhas. A forma de crítica nos ensinada e a visão controversa do que chamamos de sociedade. Me ataque por eu ter minhas veias revolucionárias, mas não negue a verdade presente em cada letra desse pequeno texto. E a inspiração.
Diversas inspirações já nos deixaram de luto literário, para não citar os globais, com coração arrebentado e cegos da realidade. Douglas Adams, Franz Kafka, Jorge Luis Borges, o incomparável Shakespeare, Clarice Lispector, Albert Camus, Camões, Gregório de Matos, Machado de Assis, Mary Shelley, entre inúmeros outros! Eu poderia ficar horas e horas citando todos. São tantos que marcaram a literatura, a história, o mundo!
Agora o mundo terá que aprender a viver sem você, Saramago. Sem o grande homem que era, sem as ideias, sem nada. Mas temos suas obras em que, por palavras, eternizaram sentimentos, reflexões, perspectivas e inspirações. A minha amada inspiração.
Prometo cuidar para que a sociedade não fuja do que você tanto lutou para conseguir implantar em nossas cabeças.
Se precisar irei até as estrelas para contar-lhe. Eu sei que lá é aonde você está, junto com todos os outros citados. Seu brilho, assim como as estrelas, nunca irá se apagar mesmo depois de falecido e irá ser visto por todos depois de tantos e tantos anos. Você é uma inspiração eterna, de vida, de ideias e de brilho.
Essa pequena homenagem é com carinho de uma grande fã de apenas 16 anos que o mínimo de noção que tem do mundo é graças às suas obras e tantas outras guardadas na minha escrivaninha, meu altar sagrado. Minhas inspirações que mesmo mortas, nunca serão esquecidas e, sim, sentidas.
Ficou muuuuito bom Le!
ainda vou ler um livro dele... aheuaheuhauehauehuae
:D